25/02/2021

PARNADA IDEMUNO - 70 & 71

© DA.



70

Terça & Quarta-feira,
23 & 24 de Fevereiro de 2021

    Uma de Vila Franca trouxe-nos papéis de Duarte Gusmão Belomano, que discreta existência penou por Coimbra até a Câmara lhe ceder aconchego na vala-comum da Conchada. Essa vilafranquense atarraxava mal das sinapses – mas foi valiosa a sua dádiva, a verdade valha & dita seja.
    Havia uma Xerox no escritório da Reginaconta (com t), que era então o emprego do Bartolomeu Fiapo Adrede. Houve cópias para todos, a 27$50 o bico. Carote mas justo. Conservo a minha resma policopiada.
    De tesouros afins municio o meu pecúlio, que empilho no roupeiro. Quando chove & quando luz sol, sei que posso contar com tal companhia papeleira, que humana ou outra não tenho. Nisto ao menos, não minto.
    Uma de Figueiró, amásia do Firmino-Zé d’Andrade, foi a tractora do cacho de cartas que Freire Manso de Goes escreveu aos do Círculo de Penalva. Em quatro delas está esboçado o índice programático anti-realista. Maçonaria em barda, claro.
    Não receio enumerar procedências: já tudo morreu, sou o restante derradeiro respiradouro. Não procuro nem encontro editor para coisas decerto boas – mas estateladas em desuso neste tristonho tempo de infomaquinetas. No 71 seguinte, disporei em decente ordem algumas linhas do meu roupeiro.

71

(…)
panos de sombra davam fresco às toalhas de relva
salgueiros-da-babilónia sentinelavam o riacho
viver não era ainda indecorosa lei-da-selva
pelo menos assim achava – & ainda acho
(…)
não lhe escrevi antes porque muito me tem achacado o ácido-úrico, ando pagando em gota o que abusei em pinga, queira perdoar-me o senhor, já que o Senhor me não escusa
(…)
são a minha gente pátria, estas papeladas atormentadas de tinta
(…)
pestes do passado
pragas do presente
estamos de lado
nunca mais de frente
(…)
o doutor Olavo é quem pode mais bem indicar-lhe os tutores do programa Quinino-Parker, dom Júlio, ele & mais ninguém
(…)
há toda uma parafernália de necessários & aprazíveis que podemos, já a partir de Fevereiro, portar para o Ateneu, tais como o serviço-china para o chá que nos une a (quase) todos, o Sócrates em marfim para a consola da lareira, os números da assinatura já recebidos, discos de Brahms, Händel, essa gloriosa pandilha – e do mais que o senhor Professor se lembrar entre esta & a próxima. Etc.
(…)
da sala de direcção ao bufete. Era no Ateneu, quando ainda
(…)


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Canzoada Assaltante