© DA.
56
Quarta-feira,
17 de Fevereiro de 2021
“O nosso amor pela vida não passa de uma velha ligação da qual não sabemos desembaraçar-nos. A sua força está na sua permanência. Mas a morte que a rompe curar-nos-á do desejo de imortalidade.”
(Proust, algures na Recherche.)
57
Não deve contar-se com a misericórdia alheia. Com a própria para consigo mesmo, menos ainda. Não é pela caridade mas pela claridade que lá vamos.
Certa acalmia, ao de leve angustiante & angustiada, emoldura a saída de casa, hoje, a outra partida do mundo. Faz um tempo enxuto, opaco porém, a campânula nublada não deixa raiar sol. Já a noite dá de si em objectos por enquanto vivos. Uma árvore pergaminha a pantalha oriental. Vejo uma ave negra à flor do Mondego, depois da Portela já, caminho da serra. É senhora do contraste de viver: isto sobre águas que correm, sem pressa, velocíssimas.
E então a noite, lição perene.
(58)
(O que escrevi no 57 não carece de explanação – que resultaria expletiva.)
Sem comentários:
Enviar um comentário