River and Brussels in Belgium
© Eugène Boudin
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Quinta-feira,
18 de Fevereiro de 2021
Dois homens de Portugal: Luiz de Freitas Branco & Fernando Lopes-Graça. Temo que, mais ainda do que esquecidos, sejam ignorados. Este é um país difícil. Difícil & precário. Pouca gente com quem conversar a sério. O arrastado confinamento também não ajuda. Pierre Gamarra, de Toulouse. O galês Dylan Thomas. Também em Bruxelas nascem argentinos: Cortázar, no ano-primo da Grande Guerra. Ontem, no parque de estacionamento de uma hipermercearia, reli fragmentos de Proust (cf. 56). Coisas sozinhas – sem gravidade & sem remédio.
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Referem algures alguém que tombou sem regresso de uma miocardiopatia hipertrófica. Não sei o que seja tal monstro. Também não apurei de quem se tratava. Era alguém, ora é ninguém. Nos dias correntes, sempre é novidade referir-se um óbito que não por causa do vírus-chinoca. Parece que nunca as Artes foram tão preciosas. Encafuaram a malta. Os negócios miúdos vão dando o berro & esticando o pernil. Há muito quem procure comida nas caridades. Não é bonito.
De qualquer modo, Ávalos Simeão Mendo Agra vai levando a sua a bom-porto. Nasceu em berço forrado a ouro. Não estragou a benesse. Há quase setenta anos que regra & pauta a vida por normas fáceis, curiais, sensatas, suficientes. Desde o meu (doce) tempo de liceal que o lobrigo pela Praceta de Berna, jornal entalado na axila, vestido com aquele tipo de impecabilidade chamada asseio. O seu atavio, tenho procurado emulá-lo com viva enargia (NB: não confundir com energia; ide ver a palavra, que é gira.)
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