© René Magritte
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Terça-feira,
5 de Janeiro de 2021
Como naquela tela de Magritte: miramos um homem de costas que ao espelho se vê reflectido de costas também. Assim foi que se viu – porque sonhava – essa Luísa do peito queimado. Há uma eternidade foi que contou esse sonho ao moço que, em sonhos também, enamoradamente a visitava. Era Damião. Sensível, inodoro, poroso, de matéria aquosa de medusa – assim Damião. Por não existir no plano do chamado real, foi a única pessoa que Luísa deveras desejou. Não contam os dois homens que lhe fizeram filhos – nem os que antes e depois lhos não fizeram. Damião faz de tesouro secreto, oculta relíquia, hermética jóia, compacto amuleto de Luísa.
Luísa vai às compras, não complica, segue as regras. Paga, não rouba. Espera, não empurra.
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