E quando se me acabar o corpo?
Não podes só fiar-te, Alice,
no espesso gesso de meu torso.
Junturas firmes, virilhas boas –
são tudo coisas que eu tenho.
Mas não tenho, antes sou-as:
qualquer di’ é dia d’antanho.
E depois, Alice? Como será
ouvir as vozes que já ouço,
que enrugam galinhas no pescoço
e dão às mãos sardas tão pardas?
Alice, Alice, no rés-do-chão
sonho mansardas, contigo não.
Caramulo, noite de 2 de Janeiro de 2007
1 comentário:
Belo soneto, Daniel!Um dia, porque o tempo corre inexoravelmente, todos havemos de sonhar com mansardas e não com Alice.
Até eu!
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