Manhã, 2 do I
Es imposible salir de la vida y también es imposible conservarla.
M. Vásquez Montalbán, El Laberinto Griego
E no entanto a manhã do segundo dia do ano reengrenou a opulência fria do ouro: a luz adensa os cedros e os pinheiros mansos, ferve nas folhas que o Outono acamou no chão para que o Inverno não caminhe apenas sobre pedra. Ninguém na rua. Fazem as árvores de pessoas. Carros abandonados esperam, como optimistas de lata, que lhes regressem os donos improváveis. A manhã – simultânea e total de si mesma como uma folha de papel branco. Os trabalhos do dia (para a noite) estão alinhados em coluna como faltas de mercearia. Carne de vaca para o almoço, uma história nova para a hora 22-23, uma selecção de dez ou doze músicas (talvez Joan Baez, talvez não). Pela meia-noite, depois de trabalhar e de cear, um episódio de Columbo/Peter Falk pirateado da net. Lenha na lareira, gata ronronando a diesel no cobertor frente ao lume. Ao cabo da manhã, a garantia dos cristais frios da noite fria. O despovoamento real compensado por Montalbán/Carvalho e Falk/Columbo. E acabar a Canção de Coimbra (V – Futuro e Final).
Caramulo, manhã de 2 de Janeiro de 2007
1 comentário:
Mais interessante esse programa que o meu!!
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