Os senhores que vendem fruta vêm da terra.
As mulheres do peixe tocam o mar nos maridos.
Os aromas da brisa regressam as pedras molhadas.
É bom ir ao mercado identificar o planeta.
A minha terra é Portugal sem interlúdios.
(Isto é uma terra de doentes do coração.)
(As oportunidades são, infelizmente, ribeirinhas.)
(A vida é só atlântica, porém e porão.)
*
Flora insensata da terra da carnação,
o mulherio incensa, mas não pensa, a turvação.
Esta menina agora-mesmo, olhai-ma cá:
tule de salmão, nadadora de rios,
cabelo negro, unhas azuis à marajá,
olhai-ma cá, gentios, em calafrios.
E a que ontem pensava antigamente
o visco-amanhã em baba-de-gente?
Casou-se com um pobre, um tal Fernando,
que sequer a quis mas a foi mantendo.
Flora insensata
etc.
*
Um irmão a que me ative e tive, ganhou
certa vez certo concurso de pasta dentífrica.
Foi a Veneza com tudo pago.
Depois morreu.
Tudo pago.
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