Uma cancela de ferro sob um arco de alvenaria.
Para lá, um pátio de pedra e terra com feixes de erva.
Choveu alguma coisa, há poças de água.
Animais crepusculares respiram nas bocas de sombra.
Uma luz de azeite sentinela a parede mais alta do pátio.
Uma mulher mexe-se à frente do lume.
Estou calado, calada está a faca no meu bolso.
Tenho sede, devo ter sangrado, olho o chão.
Baixo-me e bebo de um olho aberto pela chuva.
Esperarei ainda. Não fugirei mais.
O último sino fecha a aldeia, eleva a montanha.
Nenhum de nós dois viverá para contar.
Caramulo, tarde de 1 de Junho de 2007
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