© DA.
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Excelso
Delfim:
Está
de volta a caloraça. Amodorro os meus dias vácuos lendo o mais que posso. Olho as
coisas – mas vejo-as pouco. Homens opinam a guerra russo-ucraniana ante
rodadas de cerveja regularmente municiadas. Noto que recordo menos. A incerteza
do presente impôs-se-me – e não me liberta. Ando muito, quilómetros a fio em
perfeita singeleza. Repito circuitos como rato em roda-circulatória de laboratório.
Como sabes, prefiro os dias frios. Nem isso tenho.
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Aconteceu-me
hoje: conversar com pessoas.
Escutei
mais do que proferi, valha a verdade.
Pelo
entardenoitecer, o desamparo retomou-me.
Alimentei
dois gatos & três pombas.
Escolhi
um assento abrigado pela sombra.
Em
mangas-de-camisa, redijo ora a lápis.
Espero
nada como espero ninguém.
Falam
de calor mais alto para o fim-de-semana.
Faço
anos no Domingo, 8, às oito da manhã.
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A
minha vida tornou-se um domingo interminável de lojas encerradas em ruas
desertas. Tornei-me mais de perder do que de achar.
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O
homem que a meu lado, ao balcão do Cruz, tomava café – caiu de lado sem aviso. Aflição
geral. Bateu duramente com a cabeça no soalho. Virei-o de lado, chamou-se de
imediato o 112. Recuperou devagar, depois de ter vomitado a canja que acabara
de ingerir. João M.L.S., de Chafé, Viana do Castelo, peregrino a sós rumo a Fátima.
Toda a cena foi deveras angustiosa. Conto ir hoje saber dele lá ao Cruz. A coisa
aconteceu ontem. Eu acabara de dar uma volta solitária pelo Choupal. O calor
era violento.
No sábado, perdi (uma vez mais) os óculos bons. Escrevo agora com uns de compensação. Não sei como ou quando reaverei lentes-progressivas: são caríssimas, não tenho tusto.
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