© Henri Cartier-Bresson – Lisboa, 1955
Souto, Casa, tarde de 31 de Dezembro de 2009
Hotel Claridge, Café Carlton, eu fui já feliz só entre comensais sós.
Invernos arrostavam estios, a cidade era o mundo suficiente para toda a gente.
As décadas embranqueceram as pessoas e enegreceram as paredes.
Pintores de rua, músicos de rua, malabaristas de rua e polícias de giro.
Carroças de hortaliça, carrinhas de peixe, motas side-car, bicicletas escuras.
Domingos à tarde, concertos no Carlton, sábados no Salão de Cristal do Claridge:
Berlioz, Monteverdi, Brahms, Liszt, Schubert, Schumann, Mendelssohn.
Manhãs aspergidas de chuva fria como ferros cadentes, paulatina recuperação do viver fora do corpo em prol dos outros, em garantia dos abastecimentos: queijos, iogurtes, carcaças de farinha e de carne, vinhos, sabões, impressos, velas, peças de máquinas eléctricas, discos, livros, cabos, cordames, óleo e gasóleo, pagelas, flores.
Crianças subiam para o adultério, ex-viris minguavam na diagonal para o cemitério.
E hoje sei que o mesmo se passa em outras cidades, neste tempo como noutro.
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