30/12/2009

Europas – 2


Cartaz do NSDAP de 1932: “Nossa última Esperança: Hitler”





Souto, Casa, tarde de 29 e madrugada de 30 de Dezembro de 2009











Roland Freisler, o juiz-marioneta de Hitler, vai em 1937 a Moscovo assistir ao julgamento de Tukhachevsky. Freisler vai aprender com o seu homógo Yshinsky como se purga qualquer opositor à tirania. Stalin está para Yshinsky como Hitler para Freisler. É o tempo do horror em nome do Estado. É o tempo em que o Estado é um tarado individual: Stalin, Hitler e quejandos. Freisler acabou por se lixar em Fevereiro (dia 3, 11h08m da manhã) de 1945. Um bombardeamento aliado sobre Berlim rebenta com o gajo em pleno tribunal. Por uma vez, a justiça veio do céu. Justiça-justiça, não a falsificação dessa figura tão abstracta e de tão concretas e desumanas, quantas vezes, consequências. Claritta von Trott zu Solz enviuvou por causa de Freisler, uma vítima sobreviva entre tantas outras. Os monstros existem, a Europa também os pare fartamente. Não é preciso recuar a 1937. Os anos 90 na ex-Jugoslávia. Os dias de hoje no Iraque, o zamericanos infecciosos. Os Russos e os Chechenos, testo e panela. De qualquer modo, esquecer nunca. Baldur von Schirach, o cabrãozinho corruptor da mocidade alemã (Hitlerjugend), nazificador da inocência. Conseguiu viver até 1974, ainda assim, cumpridos vinte anos de prisão decretados pelos julgamentos de Nuremberga. Cinquenta e cinco milhões de mortos contabilizados na II Guerra Mundial? Quantos mais até então e a partir de então? Herbert Richter foi soldado na I GM. A 11 de Novembro de 1918, sentiu-se irritado: como soldado alemão, não se sentia derrotado, não ainda. Marxistas, judeus, espartaquistas depois, foram considerados pelo vulgo como traidores à causa pangermânica. Hitler capitalizou bem a frustração popular. Galgou o Reichstag sem espinhas. Tifo, tuberculose, influenza – e hitlerianismo. Doenças de um século decadente desde a hora primeira. Maus tempos, por mais belle époque que lhes chamem. Europa, Europa. Arbeiter! General Streik! Die Reaktion Marschiert! Hoch das Rätesystem! A autoproclamada República Soviete da Baviera (Abril de 1919) deu com os burros na água. Só podia. Vinham aí outros monstros. A Raça (e a ração), a Eugenia, a Merda, a Morte Multitudinária. Fridolin von Spau voluntariou-se pela ala direita (Freikorps), que era apoiada pelo Exército, contra os bolchesquerdistas de Munique. Cinco mil mortos, dizem. Mataram na Baviera, a 5 de Julho de 1919, Eugen Leviné, líder comunista e judeu, pai de um então menino chamado Eugene, na refrega. O fuzilamento teve lugar na Prisão de Stadeslheim. Europa, Europa. Era o princípio do fim para a Räterepublik. E era o início da sinonímia Bolchevismo – Judaísmo nas masmorras mentais da populaça ariana. Não deixa de ser tragicómica, ainda assim, de a alegada homossexualidade de Ernst Röhm ter servido de justificação para o seu assassínio. Adeus SA, SS olá. E o irrelevante senhor Emil Klein foi membro do Partido Nacional-Socialista entre 1921 e 1945. Safou-se, o senhor Emil K. Ó Alsácia, ó Lorena! E esse reles criador de galinhas chamado Heinrich Himmler? Em 1923, uma menina chamada Jutta Rüdiger vivia no Ruhr reclamado e ocupado pelos victores franceses, em consequência do desfecho da I GM (Tratado de Versalhes, indemnizações etc.) – logrou sobreviver a tudo e chegou a velha. De um programa televisivo espalhado pela internet (http://www.youtube.com/watch?v=NEXE6wS2fUU&NR=1, por exemplo, é a terceira de cinco partes), retornamos ao tempo eco-bucólico do Wandervogel Movement, malta que em meados dos anos 20 se propunha o convívio simples com a Natureza. Um desses rapazes era Bruno Hähnel, que também chegou a velho. Os tais cinquenta e cinco milhões de mortos não totalizavam a Humanidade toda, vá lá que não vá. E entre 1928 e 1945, o senhor Wolfgang Teubert foi uma dedicada camisa castanha SA (Sturmabteilung, isto é, Batalhão Tempestade). Ah pois foi. E também se safou. Europa, Europa. Deutschland, Deutschland. Do que não há dúvida é de o estoiro da Bolsa em 1929, do outro lado do mar, ter favorecido um partideco extremista que nas eleições de um ano antes registara apenas 2,4% de votos. Menos de cinco anos depois, Hitler era chanceler do Estado (Novo). Para o rol de nomes sobreviventes, o de Alois Pfaller, militante da Juventude Comunista Alemã entre 1926 e 1934. Falta aqui um banqueiro? Ei-lo: Johannes Zahn, economista em 1931. Hindenburg bem tentou negar ao Adolf o leme da chancelaria. O homenzinho do bigodinho acabou por ter quanto desejava: a Alemanha e cinquenta e cinco milhões de mortos, ele felizmente incluído.

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Canzoada Assaltante