Coisas do caruncho local
Aqui pelas várzeas, berças, gândaras e charnecas continuamos todos a criar o pau carunchoso que é a vera riqueza nacional de que se fazem os santos.
A Lurdes do Ernesto dos Melões mostra ao peito uma medalhinha muito benta que era para ser de prata-de-lei mas, como a comprou àquele senhor do Banco que agora está preso, afinal deve ser só de casquinha, por mais santinha.
A Isaura do Loureiro da Venda não tem medalhinha nenhuma – se a teve, deve-a ter perdido dalguma vez que se portou mal ou com o carteiro ou com o homem das águas da Câmara.
O Felício da Ros’Amélia das Couves anda inconsolável porque não há direito dizer-se tanto mal do senhor Presidente, o da Junta daqui, não é o de Lisboa, e não “lhes” (isto é, a “nós”) acontecer nada, nem prisão, nem multas, nem problemas.
O Ricardino, que foi cabo miliciano em África e voltou sem um olho, sem pensão e com um cantil furado à bala, não acredita nem em nada disto nem em ninguém, e ainda no Natal passado quase foi preso por ter partido o televisor do Loureiro da Venda à cabeçada com o capacete da motorizada posto.
O filho do Jeremias dos Fogões, diz-se que abafa a palhinha.
O Manel da Gervásia dos Frangos também diz que o filho do Jeremias coiso aquilo da palhinha, mas que ele se calhar é que tem razão porque desde a implantação da República sempre os houve, até por isso é que trocaram o Rei pelo Gay.
Eu por mim acho estas coisas todas muito tristes, mas não me ralam nada, valha a verdade, porque o meu já cá canta, que eles em França mandam sempre a “retrete”, que é como eles chamam à reforma não sei porquê.
Modos que é assim, cá se vai desandando para a cova o mais devagarinho que se pode, uns dias chove, outros dias bate sol, como nesta história toda do Dr. Dias Loureiro, que não tem nada a ver com o homem da Isaura apesar do nome, e se calhar com o do Banco das medalhinhas também não tem, não sei.
Aqui pelas várzeas, berças, gândaras e charnecas continuamos todos a criar o pau carunchoso que é a vera riqueza nacional de que se fazem os santos.
A Lurdes do Ernesto dos Melões mostra ao peito uma medalhinha muito benta que era para ser de prata-de-lei mas, como a comprou àquele senhor do Banco que agora está preso, afinal deve ser só de casquinha, por mais santinha.
A Isaura do Loureiro da Venda não tem medalhinha nenhuma – se a teve, deve-a ter perdido dalguma vez que se portou mal ou com o carteiro ou com o homem das águas da Câmara.
O Felício da Ros’Amélia das Couves anda inconsolável porque não há direito dizer-se tanto mal do senhor Presidente, o da Junta daqui, não é o de Lisboa, e não “lhes” (isto é, a “nós”) acontecer nada, nem prisão, nem multas, nem problemas.
O Ricardino, que foi cabo miliciano em África e voltou sem um olho, sem pensão e com um cantil furado à bala, não acredita nem em nada disto nem em ninguém, e ainda no Natal passado quase foi preso por ter partido o televisor do Loureiro da Venda à cabeçada com o capacete da motorizada posto.
O filho do Jeremias dos Fogões, diz-se que abafa a palhinha.
O Manel da Gervásia dos Frangos também diz que o filho do Jeremias coiso aquilo da palhinha, mas que ele se calhar é que tem razão porque desde a implantação da República sempre os houve, até por isso é que trocaram o Rei pelo Gay.
Eu por mim acho estas coisas todas muito tristes, mas não me ralam nada, valha a verdade, porque o meu já cá canta, que eles em França mandam sempre a “retrete”, que é como eles chamam à reforma não sei porquê.
Modos que é assim, cá se vai desandando para a cova o mais devagarinho que se pode, uns dias chove, outros dias bate sol, como nesta história toda do Dr. Dias Loureiro, que não tem nada a ver com o homem da Isaura apesar do nome, e se calhar com o do Banco das medalhinhas também não tem, não sei.
2 comentários:
Gostei de te ler. Muita qualidade por aqui.
Abraços d´ASSIMETRIA DO PERFEITO
O Daniel Abrunheiro tem por aqui um apreciador da sua técnica literária e do modo crítico e corrosivo com que aborda os assuntos. Cá o
Cidadão vai seguindo religiosamente os artigos debitados por Vosselência na contracapa do jornal "O Ribatejo" e numa ocasião até botou para lá um comentáriozito deste teor.Finalmente, deu com o seu Blogue.
Continue.
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