11/10/2005

Outra Gaja Boa

Apareceu em alto aparato de cavalo.
Toda uma carne ocupou o ar da respiração.
Uma morenidão vasta, queimando em derredor.
Uma ganga lavada e tensa enroupando as colunas das pernas.
Os bolsos de trás, muito apertados pela sessão das nádegas, asfixiavam o cartão multibanco, o bilhete didentidade.
Sapatos escarlates expondo o peito de cada pé: nervuras tenras de galinha alta.
Cascabelata ombreando as mamas fixas a cuspo ao tronco, em cujo bojo nenhum decerto coração.
Eu vi.
Ficavam-lhe ruças as coisas ao toque: a chávena de ouro, a colherinha de prata, de manhã cobre, à noite mata.
E depois aquela fadiga denga de cabeleireira, aquele lóquio de revista, aquele delta-éclair que firme e imprime a boa mulher.
Eu vi, eu contei.
E agora esqueço.
No fundo do fundo, um poço não posso.
Mas estremeço.



Tondela, tardinha tesífera de 10 de Outubro de 2005

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Canzoada Assaltante