© Sandra Bernardo
Cabanas de Viriato, 5 de Novembro de 2008
Cabanas de Viriato, 5 de Novembro de 2008
Casa, Souto, madrugada de 30 de Dezembro de 2008
Cristalino Vicente está a dormir na sua cabana. Tem um sonho. Sonha que está a dormir na sua cabana. Angustia-o ver-se dormir. Amargura-o sonhar-se, sabendo-se acordado dentro da cabana mas fora do sonho. Desperta-o o pavor de perder-se entre estados. Sonha que desperta, mas
Ali está o púcaro de folha, ali o toucinho para fritar amanhã (ou agora?, ou ontem?), há sempre as árvores mesmo quando não há vento, o rio nada traz porque leva tudo, dizem que há sítios num barco que são só mar por todos os lados mesmo que o barco esteja em terra, ali é o espelho para que eu recorde que o Outro sempre habita a casa de um homem sozinho, e ali é a porta, e além dela os meus pés, que não trouxe para dentro, e se os trouxe não posso mexê-los, assim metido em lama até à cintura, agora ao peito, à boca, aos olhos,
e então sim desperta de vez e de verdade, seja a verdade o que for.
Sem comentários:
Enviar um comentário