22/06/2012

IDEÁRIO DE COIMBRA - 19 (trecho final) - Coimbra, sexta-feira, 18 de Junho de 2010


© Vanessa Nelissen - In the mirror


Quando podemos nada dever a ninguém, passeamos pelo mais recente Verão perto da grande asma do Mar. Toca-nos (eriça-nos) a salsugem, a respiração secreta dos peixes, o movimento de alga-grande dos cetáceos. Somos apenas (sabemo-lo bem todos, mesmo sem cursos universitários por aí além) ter-sido-infantes. As nossas mães olham-nos, medusas, do fundo do poço-de-olhos de delas água-de-olhar (os limos das décadas, os interstícios de tijoleira em que se enfia a cobra-de-água comedora de rãs, de aranhões). E se nenhum amor, ao menos de momento, nos não condenar a uma vida irrespirável, tossimos meias-frases de esplanada ante a chávena de café, a mordida beata de cigarro, a divorciada que começa as frases todas por é-assim e o aturdimento ante o génio invencível de Camões.

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Canzoada Assaltante