19. CONFERÊNCIA
DE EXISTÊNCIAS
Coimbra, sexta-feira, 18 de Junho de 2010
As pessoas alimentam jardins interiores.
Depois de uma doença, o corpo percebe a
paz.
Pelas ruas ando muito em meu jardim.
Maná pobre, comovido maná: dou pão a
pombas.
Lados obscuros alunam o ser terreno.
Olho as pessoas, olho-as bem: rodízio de
corações.
O zamericanos são muito à base de gente
estúpida.
Os idiotas também comem pão.
Duas flores amarelas, pequeníssimas, em
interstício de pedras.
Uma mulher coxa parece medir a praça a
passo.
Águas furtadas, alma roubada.
Bomba láctea, o terrorismo daquele decote.
Sob o céu em cinza, psicologias emudecem.
Gostar é uma coisa grave.
Obtura-se a anfractuosidade.
Os cervos não são servos.
A terra emana bancas de fruta.
Rubor são de morango em face de menina.
(E miríade de mínimos corações: as
cerejas.)
Pintores, em andaimes, da construção civil:
pássaros de tinta.
No Utah, estado mórmon, execução de
condenado por pelotão de fuzilamento: cowboys de Cristo.
Relicário: retratos de quem amo.
O economicismo é a religião-mor dos
filhos-das-putas.
Lisboa está pejada de filhos-das-putas.
Derivando por ruas, exerço o silêncio mais
ruidoso de que sou capaz: olho tudo, tudo lendo, lento, ao relento.
Aves do Paraíso: as crianças.
Todas as crianças são filhas de toda a
Humanidade.
O teu passado passa-me.
Já vi a luz cegamente sonhada.
Boca daquela mulher: violenta violeta.
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