Imaginai, vo-lo graficamente peço, hortas
frescas nos derredores da Cidade: e gente de meio século vivido sobre elas
debruçada em desvelo maternal. Livro verde, folheia-se a si mesma a gorda
alface; inchado e encarnado qual abade, jucunda-se o nutrido rotundo tomate; espiral
de si mesma, a cebola ensina o ADN e a nebulosa longínqua onde Carl Sagan;
intenso de cheira-dedos, vigora viçoso o alho-porro. Imaginai (fazei, portanto,
imagens) isso. E não voteis, para a próxima, neste filho-da-puta que lá está.
*
Velhas muito brancas beatificadas pela
doença: anémicas, nada cristãs, duras, talos de palha de provérbio chinês.
*
Eu assim: não morrerei antes de dar uma volta pela prisão (itálico
justificado pelo recurso a título de Yourcenar, que o buscou em locução
proverbial japonesa – curiosidade: que faria ela de uma leitura, que decerto
não fez, do nosso triste gigante chamado Wenceslau de Morais?).
Moraes, Pessanha, Cesário, Brandão – somos
mais ricos do que (não) sabíamos.
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