TRÉMULA FLÂMULA
Trémula flâmula, a pele de um cada
é carta mar(e)ada do Tempo marinho.
Daninho, o mar dos dias volvidos
faz-se ’inda rio dos que avante volvem.
Quem vê um rio, a tudo assiste:
a memória lambendo as feridas das margens,
os peixes do desejo, as velas pandas saciadas,
os seixos que, no fundo, são as não-ditas palavras
que houvera ter dito, mailas que houvera não.
Ríspidos sulcos, deste cavalheiro as rugas
escrevem: a filha doutorada que não telefona
há meses, a tensa amante brasileira que tudo
ameaça revelar à esposa entrevada,
a salgema não partilhável nem ’lhada
de um remoto carro-de-rolamentos na (re)morta infância.
Trémula, sim, e flâmula – trémula flâmula.
Sem comentários:
Enviar um comentário