Quem respira a estas horas o sossego oxigenado do Choupal? Quem for, juízo teve: a tepidez do instante só pode ser gratificante, lá, entre árvores que bebem do rio. Viaturas exaustas bebem também, além, em frente, nas bombas da GALP. Tanta gente que já viveu, tanta que vive, tanta que viverá: e todas as gentes ligadas pelo fio incorruptível da regeneração orgânica-linguística. O miúdo Afonso-Beatriz-Costa imita ao rés do solo a locomoção do sapo. Mais velhito do que ele, o outro rapazinho, o do casal grande, assiste divertido ao pequeno batráquio comedor de milho frito. Um imigrante afro lê o Record, pasquim da bola que há uns tempos é escrito em brasilês/palopês órtógráfícú. Os Australianos não têm hipótese nenhuma contra os Teutões: só não estão a levar mais porque Deus, ou o Diabo por Ele, deve gostar de cangurus. O colosso careca, a mulher NBA e sua cria dão às de Vila-Diogo, em paz, ordem e sossego. O miúdo-Beatriz está-se a passar um bocadito: imerso no esquizomundo da infância, entrega-se a solilóquios de motoreta que não pega, agora atira uma tampa de Pedras Salgadas contra mesas, cadeiras, vidraças, balcão. Um senhor que toma ao balcão uma imperial dá-lhe corda e joga ao tampabol com ele. Entra para comprar uma revista esta madura de ancas hípicas, cabeleira escalavrada em frisas, sapatos agudos de tirar cera dos ouvidos. Não há a revista que ela queria, decide comprar um filme em dêvêdê: A Vida é um Milagre, de Emir Kusturica. Não tem propriamente a aura de ferro dos sozinhos e das sozinhas. É de gestos despachados, decididos e, talvez, decisivos. Fuma SG Filtro. Partilha connosco o Domingo mesmo. Português Vermelho é o que aquele rapaz saca da máquina (3,50 euros). Há Caracóis.
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