De quando em quando, o sol do dia refaz-se-me Sol de outros dias. É na infância e na penúltima mocidade: um Sol maiúsculo, um Sol de quintas abertas que floresce a tangerina na ínsua, a rã clandestina no charco que a madrugada vidra e a Lua platina, as filhas robustas da pereira-de-Inverno, o cata-vento em ferro ’inda moço, as mulheres aferventando verdes arrancados com bonomia à horta, os latões virados onde os cães suportam o celibato e a carraça, pelas colinas derredor as igrejinhas como pingos de cal molhada, as primícias pesqueiras do odor das raparigas, a fressura exposta das cerejeiras, o niponismo meditabundo dos velhos que passam a pé amparando bicicletas vitalícias, o sol do Sol, que se me rarefaz depois se me refazer.
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