© A. Macke - Jardim Zoológico (1912)
Tudo isto que vês – é o Domingo. Está tudo a acontecer no mesmo Domingo, tudo a acontecer no Domingo mesmo. Preparam-se as enfermeiras para o turno da noite. Alguns dos acamados receiam-na, à Noite, nunca se sabe que Amanhã, se amanhã. Um miúdo muito miúdo, de cabelo à Beatriz Costa, tasquinha deliciado o conteúdo de um pacote de tiras de milho fritas enquanto o pai, fumador de Marlboro, lê o Público. Vem ali o doidinho das barbas, aquele que fala de tudo com a virtude de saber nada, um pouco à Marcelo Rebelo de Sousa em literatura e um tanto à Nuno Rogeiro seja no que for. Um homem de garganta avariada, na esplanada, nem por isso deixa de crocitar como um albatroz a pilhas – ou de pissitar qual um estorninho capaz só de reticências – ou de grão de areia no giz que diz ardósia. Tudo o mesmo, no Domingo mesmo, no mesmo Domingo. (Sim, Mãe, estou bem.)
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