Dado que la luz tarda cierto tiempo en alcanzar la Tierra,
mirar lejos en el espacio es como mirar en el pasado.
in www.astromia.com/astronomia/paradojaolbers.htm
(aprendido em http://ar.groups.yahoo.com/group/factorserpiente/)
Fotografia: Caramulo, noite de 25 de Outubro de 2007
Relato: Viseu, casa, fim da manhã e começo da tarde de 6 de Julho de 2008
É meio-dia, é domingo, há sossego, recolhi já pela casa os despojos da véspera: a sombra de uma mulher que me dividiu a cama em partes mais que duas, um postal de Tavira caído de entre sonetos de Manuel Bocage, duas penas de um pássaro alimentado a carne pelo inquilino anterior, os rostos suspensos das molduras como cristais da levitação, gente que não conheço pegando-me nas mãos até que a mesa as sustenha, a gravidade aldeã do domingo em plena cidade,
dado que a luz
decorre da salvação da cerejeira em flor, a que os Japoneses chamam sakura não sei porquê, trânsito da neve estelar contra a morte, a economia, as suburbanizações, as casas pintadas de preto, os relatos sem ardil, o domingo que
tarda certo tempo
mas não muito a fazer levitar os rostos amados pela breve sala magríttica, já as gatas tigram os interstícios da sombra furtiva, sempre a casa calada é uma medusa náutica dada a natações transparentes no idioma, sempre hei-de saber hoje se ainda é ontem, ou nunca, e quanto demorarei ’inda
a alcançar a terra
que foi de meus pais, eram ou não as mesmas as estrelas, as mãos, esta mesa, os domingos, as mulheres que estilhaçam as camas como vidros de leite, a solidão barista dos astrónomos, os ardis relatados pelas senhoras ao fresco da noite sentadas em degraus baixíssimos de uma pedra que sobe ao templo estelar para
olhar longe (n)o espaço
o pássaro anterior, o inquilino de levitada carne que esta casa tomou como sua e foi afinal pela medusa tomado e perdido em golfos onde o diamante e o coral, a ínsua e a almácega, a pizzaria de bairro e o idioma a pulsar néones e líquenes e édenes e furtivos gatos, pombas no céu de Tavira gatafunhando postais e cristais e rostos finalmente em sossego, já o domingo
é como olhar (n)o futuro.
dado que a luz
decorre da salvação da cerejeira em flor, a que os Japoneses chamam sakura não sei porquê, trânsito da neve estelar contra a morte, a economia, as suburbanizações, as casas pintadas de preto, os relatos sem ardil, o domingo que
tarda certo tempo
mas não muito a fazer levitar os rostos amados pela breve sala magríttica, já as gatas tigram os interstícios da sombra furtiva, sempre a casa calada é uma medusa náutica dada a natações transparentes no idioma, sempre hei-de saber hoje se ainda é ontem, ou nunca, e quanto demorarei ’inda
a alcançar a terra
que foi de meus pais, eram ou não as mesmas as estrelas, as mãos, esta mesa, os domingos, as mulheres que estilhaçam as camas como vidros de leite, a solidão barista dos astrónomos, os ardis relatados pelas senhoras ao fresco da noite sentadas em degraus baixíssimos de uma pedra que sobe ao templo estelar para
olhar longe (n)o espaço
o pássaro anterior, o inquilino de levitada carne que esta casa tomou como sua e foi afinal pela medusa tomado e perdido em golfos onde o diamante e o coral, a ínsua e a almácega, a pizzaria de bairro e o idioma a pulsar néones e líquenes e édenes e furtivos gatos, pombas no céu de Tavira gatafunhando postais e cristais e rostos finalmente em sossego, já o domingo
é como olhar (n)o futuro.
2 comentários:
ler-te é olhar o futuro, daniel, ler-te é ler o futuro. um beijo.
Lindo, lindo.
Enviar um comentário