I
Em pedra são os poemas com que Deus nos escreve:
páginas de mármore com nosso nome – e deitadas.
II
Se a Lua te surpreender no Mar, a ambos aceita:
únicos são, Lua e Mar, que não tu.
III
Mínimo menino (dois anos) em chão de pastelaria:
todo o futuro lhe é de borla.
IV
É com a parte branca dos olhos que olhamos:
ou a neve por nós.
V
A glória de um lírio molhando o único pé em água:
únicos pé e água.
VI
Noites passadas a voar alto, de manhã:
cada dia.
VII
Uma súbita desistência do sangue pode
convocar pedras e sombras de pedras.
VIII
Quantas vezes na vida dizemos miosótis?
Poucas, azuis vezes.
IX
Se a Lua te surpreender no Mar, aceita a ambos:
âmbar único são, que não eu.
Caramulo, noite de 30 de Outubro de 2007
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