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Sábado,
4 de Setembro de 2021
Mesinha-de-cabeceira com garrafa de vidro transparente meia de água. Medicamentos em final de provisão. Retrato de um velho com tarja oblíqua negra. Tudo por desempoeirar. A cabeça da adormecida atira farripas brancas da bainha da manta, que é verde com clarões rosa. Prímulas morrem em um jarro de vidro azul. Fora, no pátio comum do prédio, o Sábado já começa a despontar.
Deu outrora lições particulares de piano. Sobrevive com uma pensão mínima. As meninas já não aprendem a tocar piano nem a falar francês. Faz de cozinha o canto do lume. Uma folha de mármore assente em quatro toros, louça portuguesa, púcaro & cafeteira de folha. Uma terrina de marmelada, meio pão-de-segunda. O futuro chama-se Domingo.
1 comentário:
Vim pela manhã e voltei agora para uma segunda leitura. faz pensar.
Saúde!
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