para o dito Duarte, naturalmente
Leiria, quarta-feira, 30 de Novembro de 2011
Melhores dias não virão talvez
salvar-nos da carestia anunciada
de de borla morrer e de viver pra nada
a meio da graciosa desgraça do português
como este-aquele ali, que pelas esplanadas
pedincha o cêntimo para a sopa, o tostão pró-pão,
por sua alma de cristão que é para pão,
pela pobreza da minha roupa que é prá-sopa,
isto não é que me comova mas amargura-me,
mais de meia população vive do ar, que não da terra,
o resto vai a pé a Fátima ver a boneca, cura-me,
ó Virgem de louça, da cegueira que nos aterra,
não, melhores dias não virão,
sabeis,
mas não tarda será Verão,
vereis.
*
Cresceram duas mãos de homem
ao cabo dos meus braços de menino:
vou para velho, não mais já jovem
– dizem que é fado, que é destino.
*
Estou aqui sentado entretido a ser português
ao sol morno e manso qual leão saciado.
Eu já nunca mais para sempre vivo outra vez,
é melhor portanto curtir o banco encontrado.
*
Acaba-se-nos hoje o mês
O primeiro Novembro a seguir à vida
da minha Mãe
Não é fácil nem tenro nem terno
ser um órfão descriado à beira
do Inverno.
2 comentários:
É do melhor que li nos últimos tempos. E como sei que também foi escrito para mim, agradeço comovidamente o teres-me chamado a atenção no FB. Abraço apertado e até um destes dias.
Manel, é sempre para ti e é sempre contigo.
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