13/11/2011

Outro fragmento da entrada 48 do Rosário de Isabel e Dinis



Tenho (re)feito a minha vida (des)fazendo cidades.
Os nomes delas não interessam – como também o meu não.
Mas a(s) vida(s) delas sim, interessam – a minha também, vá lá, mas muito menos.
Em uma das cidades, os necrotérios trabalhavam noite & dia, as maternidades muito menos.
Outra delas olhava o mar desde que nascera – como eu e alguns da minha família: os sem-abrigo, os polícias, os carteiros, as costureirinhas e as putas.
Uma tinha virado as costas à montanha porque a neve só lhe queimava as hortas e não chamava turismo algum – como eu.
Abandonei-as todas, uma a uma todas abandonei.
E o meu único erro foi confundir abandono com purificação.

Fazer é menos re- do que des-.

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Canzoada Assaltante