Crónica almeirinense por três-vintes
Dois vereadores da Câmara de Almeirim entraram esta semana na minha vida pela portinhola da anedota.
José Carlos Silva (“espaços verdes”) vai malhar com os ossos em tribunal por causa de 59 euros de lenha. A história mete um cunhado. Estas histórias metem sempre um cunhado, vá lá saber-se porquê.
Maria Emília Moreira (“educação”) entrou em três salas de aula para admoestar crianças que cometeram o pecado de dizer aos respectivos pais o que pensavam da comida servida na escola.
O caso do Silva da lenha é um caso porreiro. Fez-me rir. Fez-me bem. E sossegou-me: a partir deste caso, sei que a moralidade tem o valor mínimo de três notas de vinte.
O caso da Moreira da cantina não é um caso porreiro. É uma anedota, mas uma anedota triste. Seria uma vergonha para ela no caso de ela possuir esse sentimento anacrónico. Não sei se possui. Sei que a história é uma vergonha para Almeirim.
Não sou, felizmente não sou, um pobre-diabo ao abrigo de qualquer programa labor-municipal de ocupação. Se me mandassem acarretar lenha como um mainato, eu accionava ao mandante certa tecnologia de ponta digital do médio direito.
Também não sou pai de qualquer das três criancinhas atónitas, assustadas e lacrimosas para quem a escola passou a ser uma espécie de antecâmara do tribunal purgatório. Mas se o fosse, a Moreira da cantina não se ficaria a rir. (E até aposto que, lendo esta edição em papel de O RIBATEJO, o beicinho lhe trema de indignação ou coisital que os vereadores costumam ter muito depois de fazerem coisas estúpidas e absolutamente evitáveis – para além de ilegais, já agora).
A lenha do Silva é, enfim, uma coisa boa para ele ser a castanha em magusto próprio.
A invasão da Moreira é mais grave. Até porque, para mim, custa no mínimo sessenta euros.
Sem comentários:
Enviar um comentário