09/11/2011

ROSÁRIO DE ISABEL E DINIS seguido de OUTRAS FLORAÇÕES POR ESCRITO - 47. CO’ A GOTA NA CAMA - Leiria, sexta-feira, 10 de Junho de 2011





47. CO’ A GOTA NA CAMA

Leiria, sexta-feira, 10 de Junho de 2011

De cama com uma crise aguda de gota: dois anos depois, o ácido úrico volta a atacar-me (desta vez, o pé esquerdo).
Dia paroquial-nacional, feriado do Camões (coitado do grande Camões do país pequenito de pequenitos) etc.
Urdo a convalescença com caldo de galinha e páginas de Alberto de Oliveira, Proust, Döblin, Camilo. Mas também com pastilhas de colchicina e de anti-inflamatório que o meu Amigo Dr. Adelino Correia me prescreveu por telemóvel.
Recorro a um tratado de medicina popular e confirmo que, entre outras causas da gota, está o imoderado consumo de álcool. Claro: a gota tinha de vir da muita pinga. Parece, pois, que a gota é uma forma de artrite. No meu pé esquerdo (como há dois anos no direito), a articulação do dedo maior está inchada, encarnada e dói que não se farta. Como sou um gajo de meia-idade, estou na lista das vítimas preferenciais desta chatice pegada, que resulta da concentração de cristais de ácido úrico. Espargos, vísceras, sardinhas e cogumelos (e copos desregrados) podem fazer, por causa de terem uma elevada qualidade de purinas, com que os rins não consigam eliminar o excesso. E nem sempre o mijar muito ajuda. Desde ontem que me não ajuda, pelo menos. “Purinas”? Coisinhas químicas de enganador nome bonito que o corpo transforma no tal ácido. E eu que adoro anchovas, carago! O remédio, agora, é evitar a aguardente e beber (ainda) mais água. Isso – e uns dias de colchicina e anti-inflamatório não-esteróide. (Às seis da tarde, aliás, sinto-me já bem melhor, obrigado.)
A homeopatia também pode ajudar. Algum vocabulário medicamentoso homeopático: acónito, beladona, briónia, cólquico e ledum. Outros nomes recorrentes na prática clínica dita regular: paracetamol, fármacos uricosúricos (probenecida e sulfinpirazona). Dizem que o alupurinol é porreiro para diminuir a produção do ácido úrico. Em crises graves (como esta do FMI), pode recorrer-se à administração de corticosteróides.
A boa notícia é que o bom-senso alimentar ajuda a espaçar as crises. A má – é que não existe cura para a gota.
Estou feito.

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Canzoada Assaltante