© Garry Winogrand – Untitled – 1950s
em madeira, agulha incluída: como a minha vida
que (se) foi, querida, afeição minha tão alta.
Salvam-me de freiras & santorros estas opiáceas
sabedorias – mas ele há dias
em que Deus me faz (ou marca) falta.
Às dez e vinte cinco de terça-feira, 22 de Março,
exerço sem encomendado fervor a posologiada minha ambulatória e sedentária melancolia.
Um clarão de madressilvas mentais filma-me o olhar.
Pessoas de idade avançada avançam cada dia
mais devagar, mais devagar.
E eu, eu penso em ti – e em ti; e em ti; e
sem ti; e além de ti.As mulheres da minha vida tomam chá num salão
para trezentas pessoas, portanto doze tiveram
de ficar à porta.
Tenho mudado de tálamos e de cidades como
se de camisas.
Mas depois do que hei sido me renascerás,que muito primei por acontecido bom rapaz.
Não sou já um menino, mas meu mesmo destino.
Andei na escola, joguei à bola – e tive paz
até às 10h30m de 23 de Maio de 1986.
Aconteceu-me: fodeu-me a morte de um irmão.
E desde então que me sabe a pedra o pão.Escrevo versos que quisera mais amnésicos que analgésicos.
Mas já sei que a mão que escreve
a pensar antes da cabeça se atreve.
E nem pensa que me deve alma, tinta e coração.
2 comentários:
Olá Daniel!
Tenho-te lido e gosto sempre.
Hoje deixo comentário.Sábado fez 365 dias que (também a mim) a morte me fodeu um irmão. O irmão.
Saudades
beijos
laura (lembras-te?! mãe do manel e da teresa (não!, não são teus!!!)
+ beijos
Olá, cara linda, LMMT! Lembro-me, sim, claro que sim. Beijitos vezes 3: para ti, Manel e Teresita.
Cão.
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