Em casa, Souto, noites de 11 e 12 de Novembro de 2008
Este corpo que traz frio o tempo e o tempo
dos anos.
Este cabide de si mesmo.
Aqui moramos os muitos anos de nossas poucas vidas.
Aqui as rosas, ali o alguidar de degolar a galinha,
ali onde a menina se cortou num pé, àquela janela
a mãe do pai dizendo adeus com a mão parada,
estrela mais de vidro que a mesma janela.
Este corpo que o artesão tocou no tempo, onde ele
ardia a branca louça do corpo.
As rendas guardadas em casa, a humidade
dos ratos adormecendo-as e às festas que foram
rendadas de elas.
A venusta parcimónia de seu sólio.
O profundo país que cada um de nós se torna.
E esta pátria de ninguém: este corpo só
de si mesmo.
3 comentários:
Muito bonito.
gosto muito, das palavras e da foto!
lINDO!
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