Pombal, noite de 3 de Novembro de 2008
I
Cão pequeno matiza leveza na alçada
da eternidade de doze anos a que
tem direito, rumo ao mesmo frio
de outra rua, que daqui se não vê.
Tenda da noite armada sobre a
cidade-vila, o sal das árvores
batendo a podridão das bocas, onde
a língua usa relicários por astúcia.
Gentios de rubicunda tez travessando
praças daguerreotípicas, embaçados
e amarelados da cercania do rio,
onde a esta hora nenhuma nau, olha quem.
Expedição também nenhuma ao Norte,
televisão sim ardendo fria em casas-de-pasto,
alsácias & lorenas, crimeias & jutlândias,
o heroísmo da Bélgica e o aneurisma do senhor Polidoro.
Uma segunda-feira regelada nos canais,
ribeiras sufragadas a gravilha e a betão,
o cão pequeno matizando leve e
a neve alguma em nossos polares corações.
O meu amor trapejando o arame funâmbulo,
Madame Leroux debicando D’Annunzio,
Miss Scarlett Morgan-Carson é que já não,
jamais mais que menos, amareladas, fluviais.
Novembro todo num minuto de novembro,
2008-1918, dá o mesmo, aqui em Pombal
como aí na Flandres, essa folha de zinco
para todas as pedradas de tantas guerras.
Aquela certa coisa pensativa dos pintores
quando bebem entre mortais, nós,
herdeiros mancúspicos e oxolótlicos,
de suas visões movediças na cor, no cão
pequeno matizando a leveza, ou
Viseu, ou o Caramulo, ou Paris,
certa segunda-feira em que me achei
com doze anos completos, olha quem.
Olha, cão.
II
Rombas me nasceram e as deponho,
às armas que bem não sustive antes.
O mais, enquanto sim, foi frequentar restaurantes
quando assalariado, como num sonho.
Tudo se nos passa e sobrepassa:
as arcaicas crestomatias, o antónio-josé-saraiva.
Dies irae me não foram, sequer, dias de raiva,
que tudo se nos sobrepassa e passa.
Pombas, se nasceram, pão lhes ponho.
Ermas, Mãe, terras que não retive diante.
O menos pão, enquanto não, no restaurante,
é muito compensado, Mãe, com medronho.
Cão pequeno matiza leveza na alçada
da eternidade de doze anos a que
tem direito, rumo ao mesmo frio
de outra rua, que daqui se não vê.
Tenda da noite armada sobre a
cidade-vila, o sal das árvores
batendo a podridão das bocas, onde
a língua usa relicários por astúcia.
Gentios de rubicunda tez travessando
praças daguerreotípicas, embaçados
e amarelados da cercania do rio,
onde a esta hora nenhuma nau, olha quem.
Expedição também nenhuma ao Norte,
televisão sim ardendo fria em casas-de-pasto,
alsácias & lorenas, crimeias & jutlândias,
o heroísmo da Bélgica e o aneurisma do senhor Polidoro.
Uma segunda-feira regelada nos canais,
ribeiras sufragadas a gravilha e a betão,
o cão pequeno matizando leve e
a neve alguma em nossos polares corações.
O meu amor trapejando o arame funâmbulo,
Madame Leroux debicando D’Annunzio,
Miss Scarlett Morgan-Carson é que já não,
jamais mais que menos, amareladas, fluviais.
Novembro todo num minuto de novembro,
2008-1918, dá o mesmo, aqui em Pombal
como aí na Flandres, essa folha de zinco
para todas as pedradas de tantas guerras.
Aquela certa coisa pensativa dos pintores
quando bebem entre mortais, nós,
herdeiros mancúspicos e oxolótlicos,
de suas visões movediças na cor, no cão
pequeno matizando a leveza, ou
Viseu, ou o Caramulo, ou Paris,
certa segunda-feira em que me achei
com doze anos completos, olha quem.
Olha, cão.
II
Rombas me nasceram e as deponho,
às armas que bem não sustive antes.
O mais, enquanto sim, foi frequentar restaurantes
quando assalariado, como num sonho.
Tudo se nos passa e sobrepassa:
as arcaicas crestomatias, o antónio-josé-saraiva.
Dies irae me não foram, sequer, dias de raiva,
que tudo se nos sobrepassa e passa.
Pombas, se nasceram, pão lhes ponho.
Ermas, Mãe, terras que não retive diante.
O menos pão, enquanto não, no restaurante,
é muito compensado, Mãe, com medronho.
Sem comentários:
Enviar um comentário