Pombal e Souto, manhã de 18 e tarde de 19 de Novembro de 2008
I. SONETO VOCATIVO E CONFESSIONAL
I. SONETO VOCATIVO E CONFESSIONAL
Também eu, ai de mim!, vocativo lances mágicos
e solertes criaturas e até gajas e gajos trágicos.
Vai tudo (ou tudo vem) da efectivamente-tradição,
do portantos-portugal, desavergonhada ignominiosa condição.
Dou-me muito a laranjeiras (a comícios, não)
e tenho nas livrarias ademanes sacerdotais.
Mas no fundo sou um pouc’alma sem tostão,
rara vez compro o Fialho, o Ramalho, o Brandão.
Se queres, ó medusa Beatriz, atira-me pena!
Ó não minha Marília, apieda-te-me devagar!
Sou o gajo da cegarrega e da açucena,
às terças matinais é meu uso aqui passar.
O mais que invoco, choco, quarentão,
é ’inda vir a escrever como o Fialho, o Ramalho e o Brandão.
II. SONETO TIBÚRCIO E CESALTINO
Tibúrcio Cesaltino, pai de filhos,
sou e me chamo. Al mais não reclamo.
Mas sonho que me ponho em os mil brilhos
da ribalta em cena, qual Adamo.
Segredo meu, lura e loucura minha.
Já me sonhei rodando, sevilhana
de todo, lantejoulando asinha.
Os filhos, vejo-os aos fins-de-semana.
Mais como eu outros haverá decerto
ao éter clandestino das vielas.
Carnudos cavalheiros, quais donzelas,
melifluindo luas longe e perto.
Nunca estaremos sós. Tibúrcios, sim:
mas cesaltinaremos, ai de mim!
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