29/12/2021

PARNADA IDEMUNO - 858 (conclusão com IV inconcluso)




IV


Lembro-me de ter andado na tropa traçando azimutes
A cartografia da minha vida deu entretanto outras bósnias
Não andei colonialmente resistindo a turras
Nasci demasiado tarde excepto para morrer.
Há um único jornal-de-letras na minha aldeia
E ele é todo dedicado a fressuras-de-peixe
E se eu precisar hoje de mãe, não tenho Mãe
Só em versos a tenho, Poesia é não ter mas fingi-lo mais ou menos bem.
Tenho comigo a Cabra de Daudet & a de Osório
O verso anterior é só para sócios
Não consigo perceber por que não conversamos
Eu ontem tentei, falei de The Police no Restelo em 1981.
Mas a pergunta é & persiste: onde está a Sinha?
Onde a bondade existe, para onde se desfaz a cinza-pessoa?
Nunca mais volto/sou ao prédio de Junho/1965
Olha, está por aí alguém que me leve ao colo?
Olha, foda-se, parece que não
Apagaram as luzes, olha, ninguém vê.
Diz-me, Maria, em campo fresco
Como redigo à minha Mãe o ser seu filho?
Como aguento ora esta realidade
Estes muitos-livros-nada-p’ra-ler?
(…)


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Canzoada Assaltante