© DA.
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Terça-feira,
7 de Dezembro de 2021
I
Altiva humildade me congraça
a soledade por modo-de-vida.
Tenha ou não tenha, faça ou não faça,
traça a vida à vida que é devida.
Cavalheiro de lã esfarrapada
crava-me um cigarro a esta esquina.
Dou-lho sem pensar em sequer mais nada,
sempre é poupança feita em nicotina.
Se assento meus arrais sem mor plateia,
devo-o tão-só ao discreto rebuço
com que encapuzo o existir humilde.
Tento não beber de mais: é coisa feia
que embranquece a razão & apreta o buço.
Depois a Amélia diz-me de Matilde.
II
Sei hoje menos durázia a eternidade.
Morreu o Tó-Zé de Trouxemil, nada lhe dói.
Adiaram a eutanásia por desvontade
de Marcel Kid, nosso sheriff-cowboy.
Ontem, a (des)propósito do ex-Cabrita,
certo fulano ladrava asneiras politiqueiras.
Estive vai-não-vou para armar fita,
mas calei em meu imo adidas asneiras.
Não é fácil seguir amando-te, Belisa.
É cru eviscerar-me por sonetos.
E tu, Belisa, és velha, já tens netos.
(Repetindo o terceto, kaputt ao soneto.)
III
Há uma demora cá na minha mente,
que é de em companhia ir ao Raul
da Leitaria que havia, intransigente,
de quem rumava Arcos para o mais sul.
Por Este Rio Acima ’tão saíra,
que era obra de disco permanente.
(Esta décima é linha de gente
que atira-atira-atira-atira-atira.)
Ia acompanhado de senhora
que mui mais anos foi de dar notícia.
E eu digo em meu soneto, sem malícia,
que era linda a senhora tão Senhora.
Do mais atributo de camonianos,
entrego sanitário a meus canos.
IV
Onde vou eu buscar-te, se demoras
a ser um leito-limpo-companhia?
Onde vou eu biscar-te a desoras?
Não vou. Aliás, a minha Avó dizia…
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