18/04/2013

OS ÚLTIMOS ANOS DE TODA A GENTE - 7


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Leiria, 4/III/2013, segunda-feira


Chove na segunda-feira do Império.
As pessoas acontecem como borrões de tinta.
Uma vaga tristeza, não há quem a não sinta,
nem quem a vida leve muito a sério.

Um cão molhado, absorto ante o Rio,
pensa em que cadela por que cio?
Uma mulher-da-limpeza, de bata azul,
ora santas-engrácias vaporosas de tule.

Um português de boné, desses de antigamente,
escorropicha uma ginja repenicadamente.
E eu componho versículos para o mor olvido.
(Que ao menos conta dêem de eu ter vivido.)

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Canzoada Assaltante