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Leiria, 5/III/2013, terça-feira
De
volta ao mundo breve, caneta na mão direita, cigarro na mão esquerda. Perto,
fala-só, aquele de blusão nácar-ostra que a droga maluqueceu. Tem uns phones
enterrados nas orelheiras. Hoje tem tabaco, não anda a cravar. Vive com a mãe
num andar próximo da galeria da Rita, onde escrevo para ninguém (quase).
Que me trará o dia?
Que levarei à noite?
25
Ibidem
As
mãos daquele homem: flores-aranhas petrificadas.
Os
olhos daquela mulher: berlindes sérios no azul.
Um
menino brincando no passeio: cabrito-montês sem monte.
26
Ibidem
Era
então que as mãos eu depunha ante teu altar
As
mãos que à boca me escavam palavreados
Uma
vez na Maceira, eu sozinho como um cão, eu
27
Ibidem
Estava
frio ontem, consolava-me porém saber que
frio
não sentiam nem passava na terra os
meus
amados mortos, dormindo sempre eles,
agasalhados
de raízes e podridões supuradas.
28
Ibidem
Olha-me
olhando-te: perpétuo flash
enquanto
há tempo.
29
Ibidem
Sufrago-te,
Ermelinda, saudáveis votos.
Afago-te,
Graciana, mil composturas.
Não
sei, Rosa-Josette, por que tal marido aturas.
Vem
daí, Maçã-do-Monte, limpar-me esgotos.
Maluqueço,
Joselito, devagarinho.
Vem
comigo a um copito de branco vinho.
Escrevo
muito, digo tão pouco, velho Raimundo.
Abel,
velho comparsa, sempre iracundo.
Sozinho
como um cão, consciência adentro.
Conheço
todas as margens mas nenhum centro.
Sou
um corpo de vidro meio, meio de pedra.
Muito
mundo emurcheci, muito porém ’inda medra.
Olha,
Adão Mastor, olha-me bem esta cidade.
Toda
a avenida é de vida em liberdade.
Toma-se
um café antes de morrer e pouco mais.
Dez milhões de pobrezinhos, outros tantos portugais.
Dez milhões de pobrezinhos, outros tantos portugais.
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