Semelhança do buraco
Os mineiros do Chile foram resgatados. Excelente notícia. O desejo (que todos tínhamos) de que assim acontecesse, foi felizmente satisfeito. O airoso desenlace ficou a dever-se ao heroísmo lúcido dos homens soterrados e à dedicação incansável dos técnicos, que nunca souberam, estes, desistir à superfície, e aqueles idem lá nas profundas. O ocaso deste caso deixa-me, em lugar do desejo único de ver os mineiros cá em cima com as respectivas famílias, dois outros desideratos. Estes aqui:
1) Que a equipa internacional de técnicos salvadores venha para Portugal formar Governo. Só gente assim, abnegada e competente e capaz e dedicada e desinteressada nos pode tirar de um buraco como aquele em que nos metemos a partir de 1976, ano a partir do qual o PS e o PSD, alternadamente, nos meteram no fundo.
2) Que os 33 mineiros sejam secretários de Estado desses (verdadeiros) engenheiros.
Em lugar de, por mero exemplo, um qualquer José Junqueiro, seria ou não seria excelente termos na Secretaria de Estado da Administração Local um Florencio Ávalos, ou um Victor Zamora, ou um Carlos Barrios, ou um Edison Pena, ou um Jorge Galleguillos, ou um Alex Veja, ou um Mario Gomez, ou um Claudio Yáñez Lagos, ou um José Ojeda, ou um Carlos Mamani, ou um Jimmy Sánchez, hum? Seria pois.
Ou então a presidentes de Câmara, estes e os outros. Haveria de dar para todos. E todos eles nos prestariam um serviço a que não estamos habituados – e com abnegação, coragem, solidariedade, entreajuda, disciplina, contacto, comunicação, comunhão de objectivos, igualdade de ponto de partida, essas coisas que perdemos desde 1976.
Julgo que estes meus desejos, ao contrário do outro que queria ver os 33 trabalhadores sãos e a salvo, não serão resgatados de sua mesma utopia. É pena. Porque no Chile só os 33 bravos é que estavam no buraco. Aqui somos dez milhões. E os nossos “engenheiros” são do calibre que são.
Só o buraco é semelhante.
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