03/10/2009

Rosário Breve nº 124 - O Ribatejo - www.oribatejo.pt

Dois rostos na noite de Coruche

Dois dias antes da reabertura da tragédia lírica nacional, isto é, do domingo das eleições legislativas, a minha senhora e eu fomos anoitecer em grande e em gala a Coruche. Fomos em festa e viemos em paz.

A minha senhora, não sei, mas eu regressei a casa melhorado por dois encontros inaugurais. À orla da festa do nosso jornal, que se chama O Ribatejo e é bom até à penúltima página, conheci duas pessoas que doravante guardo na despensa simpática do coração: David Antunes e Carlos Cruz. Rostos emoldurados em extremos opostos da idade humana, foram-me as jóias mais rutilantes da minha noite coruchense.

David é um rapaz. Músico de primeira-água, virtuoso da cortesia e clave do sol da humildade, está no princípio do início do começo da vida artística. Ao teclado, a sua mão esquerda não está para ali parada como os organistas dos bailes de antigamente. E é uma alegria vê-lo respirar música como um pássaro respira árvores.

Carlos, esse está no recomeço do início, em princípio. Veterano vivente, viajante astral do terreno ofício de existir, já viveu – e vive – do pão consagrado pela igreja mais humana: a de estar vivo com menos atenção a si mesmo do que aos outros. Padeiro, sacerdote-operário, instigador de filantropias médicas, português suíço às vezes e moçambicano para sempre, deu-me breves palavras que aumentaram a minha vida e se me dependuraram à lapela do melhor dos meus fatos, que foi naturalmente o que vesti para conhecer Coruche.

Ganhei dias suplementares de vida, tendo com eles, David e Carlos, partilhado instantes dessa noite de festa dO nosso Ribatejo.

Foi em Coruche, uma destas noites.

2 comentários:

Manuel da Mata disse...

Grande amigo de Coruche! Comigo também terias ido ao Couço.

Abraço.

Daniel Abrunheiro disse...

Ah pois teria, Manel - e com muito gosto.

Canzoada Assaltante