22/10/2009

Voltou a Chover, M.

Souto, Casa, manhã de 22 de Outubro de 2009



Esta luz dá-se vidro, faz-se água doce à boca dos olhos.
Voltou a chover, Mãe, as manhãs têm de ser conquistadas à água.
No meu caminho, árvores de fruto carregadas de jóias:
outros tantos sinais do trabalho de pessoas invisíveis à boca da terra,
pessoas-homens e pessoas-mulheres,
poetas maiores e máximos pintores dos campos,
escuras nas manhãs e à noite diamantinas como estrelas pobres.

Sigo a minha vida como um cão segue uma sombra,
voltou a chover, Mãe, as manhãs têm ser conquistadas à sombra.

E então as pessoas dão jóias e é que são sombras que a água no vidro,
a água afinal amarga à boca dos olhos.

4 comentários:

Manuel López-Benito disse...

Muy emocionante. Unha aperta desde Vigo,

Manuel

Manuel da Mata disse...

"Sigo a minha vida como um cão segue uma sombra,"
Que comparação!
Não houve crónica?

Daniel Abrunheiro disse...

Dois Manuéis de uma assentada! Quanta honra. Obrigado, Manuel da Galiza. Obrigado, Manuel da Mata, CB.

Anónimo disse...

Quem escreve com tal mestria, terá sempre manhãs, amanhãs para cantar, escrever!
Terminação x

Canzoada Assaltante