Esta semana, nO Ribatejo do costume, a crónica nº 70 da série Rosário Breve.
Numa freguesia perto daqui do sítio onde como as batatas, há um cão que anda a assaltar capoeiras. Trata-se de um caso de “cãojacking”. O assaltante parece que é bruto, não hesitando em trincar as partes moles a alguns habitantes da aldeola. Uma senhora, aflita proprietária de um dos galinheiros visados pelo canídeo, tem uma galinha que sobreviveu ao ataque de há um mês, mas que “ainda hoje não anda”. Parece que estou a ver daqui a penosa: sentada sobre a própria moela, o olharzito ao mesmo tempo indignado e assustadiço ante a memória do minacíssimo morso. O cachorro, uns dizem que é rafeiro, outros acham-no de caça. Parece que o saco-de-pulgas em questão assalta para comer, motivo que o justifica a meus olhos – como os assaltantes de bancos que levam o “carcanhol” sem aleijar ninguém.
De modo que aqui estou a ler breves destas no pasquim local. Vem do alto uma tarde larga, forte, de pouca brisa e muita luz. A senhora da mercearia tem a fruta à porta, o que alegra o largo. Uma mulher muito bonita contorna a esquina, sai de vista, dissolve-se no ar vespertino. Um rapaz já descriado joga brincadeiras portáteis de computador. Tenho um livro para rever para a editora, apetecia-me galinha para o jantar. Galinha-galinha, de pica-couve, não frango-chiclete de mercearia grande. Apetece-me tanto galinha, que dou por mim a coçar a orelha esquerda com patadas rápidas e rítmicas de gajo que liga a motorizada. Bocejo e deito-me à sombra da capela, enfim, mas só depois de correr atrás de um opel-corsa e de um seat-ibiza.
E quando sonho com a que me escapou, rosno dentro do sonho.
De modo que aqui estou a ler breves destas no pasquim local. Vem do alto uma tarde larga, forte, de pouca brisa e muita luz. A senhora da mercearia tem a fruta à porta, o que alegra o largo. Uma mulher muito bonita contorna a esquina, sai de vista, dissolve-se no ar vespertino. Um rapaz já descriado joga brincadeiras portáteis de computador. Tenho um livro para rever para a editora, apetecia-me galinha para o jantar. Galinha-galinha, de pica-couve, não frango-chiclete de mercearia grande. Apetece-me tanto galinha, que dou por mim a coçar a orelha esquerda com patadas rápidas e rítmicas de gajo que liga a motorizada. Bocejo e deito-me à sombra da capela, enfim, mas só depois de correr atrás de um opel-corsa e de um seat-ibiza.
E quando sonho com a que me escapou, rosno dentro do sonho.
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