“Editorial”
Crónica nº 68 da Série Rosário Breve, in O Ribatejo – www.oribatejo.pt
Crónica nº 68 da Série Rosário Breve, in O Ribatejo – www.oribatejo.pt
Os jornais (nem todos, é certo) continuam com a toleima de publicar notícias. Alguns (poucos, é certo) até pesquisam os factos antes de os dar à luz (da publicidade). Que seita! Os jornalistas que assim procedem nunca hão-de chegar, sequer, a assessores de “comunicação” dum alarve qualquer guindado a capataz autárquico.
A minha opinião é que os jornais só deveriam ter opinião. Opinião e muitas fotos. Notícias, nunca. Quando muito, poderiam publicar “conteúdos”. Mas factos, é mau uso, péssima prática e pior costume. É, é.
Veja-se o caso dos assaltos às estações de abastecimento de combustíveis. Acontecer, acontecem: mas que é que isso interessa? Ao menos que, quando e se se noticiasse um assalto a umas bombas, que, em “caixa”, se dissesse também quanto é que tal gasolineira tem andado a roubar ao automobilista.
Outro caso: o dos desastres. Um furacãozito lá longe (Haiti, Cuba, Miami) até dá, por assim dizer, cabedal internacionalista à página. Dá, dá. Mas cá, não dá. Para acabar de vez com os incêndios, comece-se por molhar a caixa de fósforos do jornalista.
Inundações? Cá? Estás a regar. Violência doméstica? Então e elas também não batem na gente? Bairros étnico-sociais? É tudo hip-hop em flamenco-pimba.
Peço, pois, aos jornais que se deixem destas tretas que tornam feia a realidade. Nada de desastres (nem de viação, nem Manuela Ferreira Leite). A realidade é para ser teleguiada de Lisboa. De vez em quando, pelo Carnaval e pela Pascoela, respectivamente, podemos saber de Alberto João Jardim e de Rui Rio. Valentim Loureiro é que já é abusar. Fátima Felgueiras também, que é muito boa senhora, sobretudo quando estava no Brasil. O coiso de Marco de Canaveses também é giro, pode ser. E Mariza e Toy, que nos enchem de (g)orgulho o arroz cançonetacional.
A realidade pode ser feliz. A realidade pode ser feliz como uma criança pobre: desde que os jornais não refiram a existência de crianças pobres. As crianças pobres são boas mas é para reproduções de feira. Gosto sobretudo daquele menino a chorar, porque me dá ganas de rir. E os jornais deveriam ser para rir. Alguns já são. Nem todos, é certo.
A minha opinião é que os jornais só deveriam ter opinião. Opinião e muitas fotos. Notícias, nunca. Quando muito, poderiam publicar “conteúdos”. Mas factos, é mau uso, péssima prática e pior costume. É, é.
Veja-se o caso dos assaltos às estações de abastecimento de combustíveis. Acontecer, acontecem: mas que é que isso interessa? Ao menos que, quando e se se noticiasse um assalto a umas bombas, que, em “caixa”, se dissesse também quanto é que tal gasolineira tem andado a roubar ao automobilista.
Outro caso: o dos desastres. Um furacãozito lá longe (Haiti, Cuba, Miami) até dá, por assim dizer, cabedal internacionalista à página. Dá, dá. Mas cá, não dá. Para acabar de vez com os incêndios, comece-se por molhar a caixa de fósforos do jornalista.
Inundações? Cá? Estás a regar. Violência doméstica? Então e elas também não batem na gente? Bairros étnico-sociais? É tudo hip-hop em flamenco-pimba.
Peço, pois, aos jornais que se deixem destas tretas que tornam feia a realidade. Nada de desastres (nem de viação, nem Manuela Ferreira Leite). A realidade é para ser teleguiada de Lisboa. De vez em quando, pelo Carnaval e pela Pascoela, respectivamente, podemos saber de Alberto João Jardim e de Rui Rio. Valentim Loureiro é que já é abusar. Fátima Felgueiras também, que é muito boa senhora, sobretudo quando estava no Brasil. O coiso de Marco de Canaveses também é giro, pode ser. E Mariza e Toy, que nos enchem de (g)orgulho o arroz cançonetacional.
A realidade pode ser feliz. A realidade pode ser feliz como uma criança pobre: desde que os jornais não refiram a existência de crianças pobres. As crianças pobres são boas mas é para reproduções de feira. Gosto sobretudo daquele menino a chorar, porque me dá ganas de rir. E os jornais deveriam ser para rir. Alguns já são. Nem todos, é certo.
3 comentários:
Perfeito.
Isto é muito bom.
O meu amigo António sabe de que estou a falar.
E a minha querida amiga Paula Sofia sabe de que(m) estou a falar.
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