16/09/2008

Canção com Sonho de Menino

Viseu, entardenoitecer de 23 de Abril de 2008


Ando a trabalhar muito para ser
por assim dizer
o Tony Carreira da poesia portuguesa.
Os meus versos também estão todos a voltar p’a França.
Tenho muito mais cabelo do que o Tony
mas muito menos cabeça do que o Tony.
Se calhar, assim, vou só ser o Toy da poesia portuguesa.
Toy é Tony sem éne
por isso vale muito menos.
O Toy também faz carreira mas como não tem éne
não é Tony.
Uma pessoa para ter sucesso tem de trabalhar éne.

(Venha o meu tempo d’oiro doirado
a minha praia um dia futuro
os meus pais quase jovens quase moços
as áleas abrindo jardins
o vento dando nas pêras dançando nas laranjas
a água dos olhos e o crepúsculo particular dela,
está bem,
Tony?)

4 comentários:

Nuno Dempster disse...

Não desanime, somos todos Toys, sobretudo quem diz não ser.

Manuel da Mata disse...

Porra! Tenho andado com a treta de um poema na cabeça, no qual o crepúsculo e a infância, os meus pais cada dia mais crepusculares, etc., são as grandes linhas de força. E agora apareces-me tu com isto. Porra!, outra vez.

Daniel Abrunheiro disse...

Concordo, ND.
Manel: é o que faz um gajo (eu, no caso) se dar a apimbalhar a coisa...
De qualquer maneira, trata-se de brincadeiras sérias: tanto a carreira do Tony como a (nossa) progressiva crepusculação.

Anónimo disse...

Estes teus textos de pasteurização dizem-me isto todos os dias, (eu só sei isto): tu pensas, falas, escreves e És éne. Keep up. As alternativas são uma nerda.

Canzoada Assaltante