14/03/2022

REGISTOS CIVIS - 96 & 97

© DA.


Necrogamia - 96

 

Algo mórbida embora, a necrogamia persiste.
Amor para lá da morte? Só em vivente o amador.
Tranquilos estão (pois já não são) os em-andor.
Prova escrita pode ficar – nada nem ninguém a mais r-existe.


 

Almoço - 97

                   

     
    Passadas já as duas da tarde, almocei com L.D.R.A., que, ex-aequo T.S.S.A., é do escol da mais formosa humanidade – vivente ora, lembrada d’outrora ou formosa-por-vir.
    O Sábado é feliz-em-mim. Passo a versos:

    Por cima da breve ourivesaria vilã,
    moram Claro & Carolina, recém-casados.
    Juntaram trapitos & ademanes molhados,
    gostam-s’inda um do outro a cada manhã.

    Talvez frutifiquem, ’inda não há notícia.
    Por enquanto são moços, dão-se em mocidade.
    Isto de viver em vila difere de em cidade,
    o tempo é outro, há menos polícia.

    E que outra rosa poderia eu ora partilhar às largas mãos, sei lá, digamos, tipo Isabel-de-Aragão-Rainha-&-Coimbra-&-Santa, à face de seus bélico-desavindos marido & filho? Resposta pronta: a minha rosa, nenhuma outra de nenhum-alguém.

    O lento milhafre, à chuva de Sábado-Coimbra:
    ei-lo voej’al’ando asas de discreta predação.
    Nuvens sobre, da Conchada, o campo-santo ainda:
    quantas tabuletas, tantas amnésias: vai da condição.

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Canzoada Assaltante