Civis - 81
Heliodoro Ventura Mondego de Bustos
Nascido a 19 de Julho de 1964 (domingo)
Em Coimbra, ali à Porta Especiosa da Sé Velha
Filho de Dâmaso José Mondego de Bustos, já falecido
& de Hermínia Maria Lobo Ventura, já falecida
Morto a tiro de caçadeira auto-infligido
A 30 de Dezembro de 1999 (quinta-feira)
Em Coimbra, ali à Porta Especiosa da Sé Velha
Por motivo nem poeticamente aventável.
Coralina da Encarnação Eustácio Samuel
Nascida a 12 de Fevereiro de 1969 (quarta-feira)
Em Coimbra, na casa de seus pai & mãe
Albertino Horácio Eliseu Vaqueiro, já extinto
& Domitília da Encarnação Benje do Nascimento, extinta já
Divorciada de Manuel Rui Peco Fernandes
A 30 de Dezembro de 1999 (quinta-feira)
Em Aveiro, urbe do matrimónio original
Por motivo de desamor sobrevindo em inelutabilidade.
Era antigamente em assentos paroquiais
Baptismos, matrimónios, óbitos sufragados
A 16 de Maio de 1832 (quarta-feira)
O Estado alarga a não-católicos o Registo Civil
A 28 de Novembro de 1878 (quinta-feira)
Os administradores de concelho registam os não-católicos
À Igreja incumbe o registo da maioria na fé
A 18 de Fevereiro de 1911 (sábado)
Obrigatoriedade de registo para todos, católicos ou não.
22 de Novembro de 1958 (sábado)
Alargamento do âmbito do Registo Civil
Todos os factos relevantes da existência individual con(s)tam
Incluindo curatelas, ausência judicialmente verificada
& escrituras antenupciais e de alteração do regime de bens
Convencionado ou legalmente fixado
Também a disciplina privativa dos diversos assentos
Houve alterações, nomeadamente
No concernente ao nascimento & ao casamento.
Trata-se de guardar, provar, publicitar
Verbos-fortes do registo meramente administrativo
Como o de segurança, por sua relevância jurídica
E que aconteça seguramente com valor probatório
Presunção da fé pública: em exactidão & integralidade
Dos factos civilmente registados, a-Bem-da-Nação
Assim sendo
Assim se cumpra
Aos costumes dizendo nada mais.
Averbamento ao 81 - 82
No registo anterior (Civis-81), procedi à reflexão (no sentido óptico) de luzes que recebi da peroração de uma senhora cabalmente entendida no assunto a que a entrada mesma se refere.
Saí-me depois às ruas esclarecidas por um sol que, februariamente falando, é anacrónico. Não chove. Não faz frio. Não nada. A estiagem não vacila. Ucraniamente falando, a ex-URSS estertora tiques que a ocidente já não deveriam fazer pasmar. Significativa parte da mesma Ucrânia alinhou, a partir de 22 de Junho de 1941 (domingo), na ofensiva nazi anti-Estaline? Sem dúvida. Mas os Ucranianos de hoje, são eles nazis? Não me parece. Saí-me entretanto às esclarecidas ruas para
Te rever como se fôra hoje 3 de Março de 2011 (quinta-feira)
Sou bem capaz de não rever-te, estar só versejando
Separarmo-nos foi curial, juntarmo-nos é que nem tanto
Estamos enfim remediados, pois que remédio não tivemos.
O coração físico é de válvulas dadas a uma sintaxe própria
A sintaxe própria de tal valvularidade excede as rimas
Em funerais apenas tenho visto certas primas
De meu coração próximas: em sangue como em afecto.
(Escrevo finalmente bem – mas os anos que esta porra demorou!)
Em quarto de muros pintados a azul-celeste, o menino
Em anexa divisão, a rosa, a menina cor-de-menina
E o matrimónio que os gerou, sabei, vigorando sempre.
Fiz a quarta-classe no lectivo ano do 25-de-Abril
As três primeiras classes separavam meninos de meninas
A Escola era meada por um muro central com mastro & haste
E Nun’Álvares Pereira depunha o espadeirão, abraçava a Cruz.
Empenhando & desempenhando coisas minhas? Ando
Não farei como (se des)fez Heliodoro V.M. de Bustos
(Favor cf. registo-Civis-81, ide-Vos a ele, primeira estrofe)
Fazendo pela desvida? Desfazendo pela vida? Des-ando.
Acariciei já como outrora acariciado fui
Acarearem-me em lugar de tal? Já fui acareado
Ninguém se reconhece pré-cemiterialmente
Não é o meu caso: nasci de pré-idosos, morro pré-velho.
Digamos que entre, ou de, vinte anos relemos um livro
Quantas pessoas somos, em leitura, sendo o livro o mesmo?
O que se muda na pessoa para a confirmar gente?
Digo: gente-vento, gente-+-aérea-do-que-terrena?
Onde, ou de onde, se gera a luz-lamparina
Que azeita a verso-vinda noit’escura?
Onde sabe o menino não ser menina?
E onde a passada morte é certa & futura?
Tenho (ou sinto) trinta anos a mais em cada mão
Esta ossatura, esta pele, este tropeguear: não são meus
Costumo correr mais depressa, direito a nada
Uso dizer nada quanto a quase tudo, sim & pois então.
Quase costumo ainda telefonar fora-de-horas
A gente que amo a horas todas
Faço-o poucas vezes: sou de desoras
Desobedientes a estilos como a modas.
Terça-feira-próxima-dia-coiso-1-de-Março
Vou-me a ver um Irmão aprisionado em doença
É tudo tão semelhante a impotências que já tive
Pegar-lhe na mão mortiça, dizer: Surge et ambula!
Fiz exactamente assim, ou afim, à placa dentalprotésica de meu Pai
Lavei-a como lavei a minha Filha, por essa altura nascida
(Não me lavei de coisas minhas, culpadas, obscuras
Não me lavei, sequer, de culpas formado-futuras.)
(Agora-a-sério-o-meu-Gato?
Agora-a-sério-o-meu-Corvo?
Agora-onde-o-meu-tabaco?
Agora-onde-te-faço-estorvo?)
Uma pergunta atirada a ninguém: onde meu Pai?
Outra pergunta, mas atirada esta a meu Pai:
Onde seu Pai, meu Pai? Onde naquilo a que chamava Tempo?
Eu tenho Filhas, Pai & Avô, para que momento-além?
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