Parece ter existido, muito alhures no Tempo, um doutor médico chamado Alcméon de Crotona, no sul da Itália. E que Hipócrates, por quem os clínicos de agora juram, lhe conheceu o pensamento. E que o mesmo Hipócrates tinha um genro chamado Pólibo. Estes homens são agora (um agora há muito antigo, todavia) – são agora nomeações a negro sobre papel alvo. O que pensaram – existe. As cabeças que pensaram – não. Quando na TV ouço & vejo o filho do poeta (Poeta) Herberto Helder, sinto que não alucino ao pensar que de algum modo H.H. continua. A sua cabeça, barbada por baixo & despovoando-se por cima; certa inflexão da fala; certa gestualidade sublinhante – o filho pode ir prolongando resquícios do pai. O mais abstractamente pensando em Pólibo: como/quem seria a mulher dele, filha do célebre Hipócrates, a quem os médicos juram como juram os militares à Bandeira Nacional?
Alçado a uma plataforma ampla a partir (ou sobre) da que se descortina em perfeito panorama a altiva mas modesta Santa Clara de Coimbra, entrego-me bastas vezes a considerações imprestáveis que um balcão de crédito me não creditaria nem emprestaria. Acorrem a este segmento do bairro alguns humanos de madura idade cujas considerações, uma vez altivozeadas, aprecio & não-raro transcrevo. Pré-sexagenário, acho-me perfeitamente equipado para solidário sentir de suas mazelas (as reais como as inventadas, pois que também distinguir &/ou destrinçar me são verbos consabidos já) certa vizinhança homóloga. Isto posto, confesso: divirto-me bravamente, em mansa porém posição de passivo auditor. E como seria & como apareceria, a partir/sobre esta plataforma, a filha de Hipócrates / esposa de Pólibo? E que nos cantaria ela?
Dorme, Dário Dromedário / Encosta a tua cabeça (bis)
Sê tu uno ou sê vário / Conforme te apeteça.
Acorda, Rita, tu acorda / Não queiras ser preguiçosa (bis)
Não caias fora de borda / Que a maré é perigosa.
Ladra, cãozito, tu ladra / Diz ao mundo o que é ladrar (bis)
Ladrar é que é ter palavra / E à palavra não faltar.
Ai ai, meu bem! / De que me lembrei agora (bis)
Bem ó meu, ai! / Que me vou daqui p’ra fora. (bis & acaba)
Nisto, retira-se, séculos sem de pó fim, a mulher de Pólibo.
(sem bis, entrada, perdão, saída única)
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