02/02/2022

REGISTOS CIVIS - 43

© Garry Winogrand


Autoridade – 43

 

 

    Domingo, 30 de Janeiro. Dia de eleições legislativas. O Sol continua alinhavando dias bonitos: mas prejudiciais do ponto-de-vista pluvial. Rios baixos, reservas à beira de uma estiagem perigosa. Na pele de Serafim Manuel Valbom de Vilar, lá fui votar. Votei nos de meu costume. Não sei o que aí vem – parece-me, isso sim & antes, que as coisas vão piorar. O povo de Serafim é de escolhas esquisitas. Campeia certo clubismo acrítico & acéfalo. É o tempo das redes-ditas-sociais impondo a vulgata gritada, a emoção repentista, o raciocínio-nulo.

    Serafim Manuel Valbom de Vilar
    Emborca uma cerveja em paz d’esplanada
    Há sossego entre o pessoal que vem ao pão
    São as 13h16m, aprestam-se almoçaradas.

    Em desviante recreio, Serafim folheia Gregos
    Desses Gregos tão remotamente iluminantes
    Séculos tantos depois, vigoram ainda
    É paradoxal como sim, existem & r-existem.

    Então, um jovem casal com sua andarilha cria
    Nem dois anos completos deve ter completos a menina
    Anima-se a esplanada de sua trôpega alegria
    Fascina-a um cão que à arreata aparece.

    Sou Serafim Manuel, outro qualquer me chamaria
    Desfeitos foram & estão laços afinal lassos
    Importa mais o que aí vem, não dura sempre
    Não dura sempre o domingo, mesmo que d’eleições.

    Escuto a voz Greg’Antiga enquanto o rumor contemporâneo
    Me surde aos pavilhões auditivos sem quebra
    A real autoridade à realidade mesma pertence.


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Canzoada Assaltante