© Garry Winogrand
Autoridade – 43
Domingo, 30 de Janeiro. Dia de eleições legislativas. O Sol continua alinhavando dias bonitos: mas prejudiciais do ponto-de-vista pluvial. Rios baixos, reservas à beira de uma estiagem perigosa. Na pele de Serafim Manuel Valbom de Vilar, lá fui votar. Votei nos de meu costume. Não sei o que aí vem – parece-me, isso sim & antes, que as coisas vão piorar. O povo de Serafim é de escolhas esquisitas. Campeia certo clubismo acrítico & acéfalo. É o tempo das redes-ditas-sociais impondo a vulgata gritada, a emoção repentista, o raciocínio-nulo.
Serafim Manuel Valbom de Vilar
Emborca uma cerveja em paz d’esplanada
Há sossego entre o pessoal que vem ao pão
São as 13h16m, aprestam-se almoçaradas.
Em desviante recreio, Serafim folheia Gregos
Desses Gregos tão remotamente iluminantes
Séculos tantos depois, vigoram ainda
É paradoxal como sim, existem & r-existem.
Então, um jovem casal com sua andarilha cria
Nem dois anos completos deve ter completos a menina
Anima-se a esplanada de sua trôpega alegria
Fascina-a um cão que à arreata aparece.
Sou Serafim Manuel, outro qualquer me chamaria
Desfeitos foram & estão laços afinal lassos
Importa mais o que aí vem, não dura sempre
Não dura sempre o domingo, mesmo que d’eleições.
Escuto a voz Greg’Antiga enquanto o rumor contemporâneo
Me surde aos pavilhões auditivos sem quebra
A real autoridade à realidade mesma pertence.
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