II
O
ocaso trouxe sol que a tarde não pôde.
Voa
baixo sobre mato um milhafre adulto.
Nada
hoje me inculpa, não rogo indulto
nem
ao que há, ao que haverá ou já houve.
Entre
salmão e rosa, as empenas daquela casa
olham-me
de longe mas sem convite.
Em
sonhos, Maria, desta noite, sabes?, vi-te:
eras
um peixe naufragado em praia rasa.
Já pouco me dana não ter ido para
artista,
sei lá, de cofragem, olaria ou
d’até poesia.
Além da Arregaça, onde a que
chamam Boa-Vista,
nem tempo de ver tive o que dali
me viria.
Este é o ente-instante, outro não
é.
Ver-nos-emos entre pressas,
cumprimentos a golpe-d’asa.
Hoje ando a bolos & café.
Rosa & salmão, bonita, a tal
casa.
III
Sim,
é preferível a prosa do calado. Chega-se a noite. Chega-se à noite. Perto da
praia, um resto de família não faz ondas. Um carro azul-celeste arranca em
direcção a Quiaios. Já lá estive, mas pouco. Prefiro (ou profiro), com esta
idade já infame, o silêncio prosódico. Havia uma senhora que era Isabel e muito
gentil, aviava artigos de papelaria ao balcão daquela loja que depois demoliram
para cavar um estacionamento subterrâneo. Os covis que eu então frequentava não
eram vis. Já então eu me dava (ao) anis. Isabel era de olhos vígeis,
castanhos-pardal. Ventilavam piedade sem orçamento nem indústria.
Não,
não perdi tudo. Preencho estes cadernos como quem espera novembros por esses
areais desertos. Ele há níveis de entendimento. Costuma ser solitário, o entendimento.
E calado.
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