25.
PERTINÊNCIAS
Coimbra, sexta-feira
(dita Santa), 10 de Abril de 2020
(103 anos do meu
Pai)
I. DECISÃO – 1
Só palavras alheias me têm
arribado por estes dias reclusos, à guarda do mundo pestífero. Procedo a
releituras em profundidade. Os livros bons, aí os tenho à mão, são fortuna
franca. Tenho é sonhado muito. Não adormeço tarde, acordo cedo – mas entre um &
outro desses cais, os sonhos projectam espúrias aflições que nem verso merecem.
Gente - morta ou viva, ou ambas as condições ao mesmo tempo – parece meter-se
comigo noutro descontinuum, em espaço algum & nenhum tempo. Decidi
voltar a escrever porque essa é a única via possível. (Claro que, por via,
significo vida.)
II. SOPA
Ferve a sopa de ontem enquanto
retorno às linhas. Recebi ontem três telefonemas: triplo tesouro. Uma pessoa
habitua-se tanto à mudez, que a surdez se lhe ge(r)mina sem esforço.
III. DECISÃO – 2
O que importa? O que me importa?
São duas perguntas pertinentes.
(Estive para escrever:
São duas perguntas boas –
mas em vez disso escrevi pertinentes.)
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