A um coelho sobre relvas
“Põe o ramo aqui e vende o vinho em outra parte” – é provérbio português antigo. E calça como uma luva ao sr. Relvas, que na Lisboa do poder esbracejou um estardalhaço de feira cigana por causa de uma molhada de facturas por pagar do Instituto do Desporto. Fica por saber por que não fez o mesmo sr. Relvas a mesma coisa quando por aqui, Santarém, andava: facturas por pagar são mato (grosso) nas contas mal contadas da Câmara local. Ou não? E já agora: recomendo vivamente ao sr. Relvas que, aproveitando o balanço, dê um salto à Madeira e traga de lá os calotes do histriónico Jardim & sus muchachos da bananeira angolana em que aquilo se tornou há mais de trinta anos. Ou por outras palavras: venda por onde quiser, sr. Relvas, o seu vinho – mas crave o ramo, homem, crave o ramo. Não tenha medo, que as bananas são moles e as feiras duram pouco.
Outro senhor, o sr. Coelho, anda agora de dedinho em riste contra os facebookistas que, quais ingleses de imitação, ainda o podem arreliar com motins de sardinhada assada aos portões dos palácios onde se congemina a malfeitoria da política fiscal, a sacanice da demolição do trabalho, a tolice da deseducação, a abolição da justiça e a infecção da saúde. O sr. Coelho, com os portugueses (alistados no facebook ou não), não se preocupe. A malta é pacífica e geralmente anda bêbeda, sobretudo ao volante. Mas queira atentar no que acima recomendo ao seu acólito sr. Relvas: a Madeira, essa cratera indecorosa onde a democracia vale menos do que uma língua-de-gato molhada em poncha servida no carnaval vitalício daquelas malogradas ilhas. Se também, e porém, tiver medo, faça-nos o subido favor de vender aquilo, sei lá, aos Açores ou à Indonésia.
Termino, sr. Coelho, com duas graves correcções a um agudo, excitado, incongruente e recente dito de sua autoria. Disse o senhor que “estamos no princípio do fim do estado de emergência”. Não estamos nada, sr. Coelho.
Primeira correcção: estamos no princípio do fim do Estado.
Segunda e última: estamos no princípio do fim.
Vá, agora vão lá à Madeira fazer o que vos disse. Ide em paz. E, se quiserdes, não volteis, que a falta que cá fazeis é a mesma do outro que se foi para Paris fazer-se (de) filósofo por pensar que também é Sócrates.
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