© DA.
Horas
densas de pretéritos, vivo-as à guisa de quem vai embalando a trouxa. A velha igreja,
rangendo ao vento algo forte, espera as suas velhas obscuras. Digo: as suas (o)velhas
obscuras. Ao entardenoitecer, ainda alguma agitação económica fervilha por
estes passadiços, cubículos, jaulas, estaleiros. Maio dito útil arrancou hoje. Caminha
na luz já cediça, não espero que me nomeiem.
Pela
vidraça dinâmica do penúltimo autocarro, miro inúmeros capuz’omens (digo:
capuz-homúnculos) em tráfego-tráfico. Émulos acéfalos do amer(d)icanismo-hip-hop-gibberishit.
Seres de uma metafísica die-young-curte-à-pressa. Sendo Hermínio-eu-mesmo
émulo de sua transumância maninha & daninha, reconheço-os sem esforço
à-força-toda. E leio o André Malraux de 1971, esse da evocação do general De
Gaulle em Les Chênes Qu’on Abat…
Hermínio
relata a Delfim andar lendo Malraux. Já Delfim lhe disse de andar lendo outros
gajos de livros-a-sério também, pois que publicados em papel encapado. Arrefece,
não antarcticamente porém, pela hora-de-jantar. Aonde ir antes do sono em
quarto cedido pela Santa Segurança Social? Fecham demasiado cedo os estabelecimentos-bebedouros
em que dá para suportar a vida mercê da leitura & d’alguma escrita.
Delfim não se locomove a autocarros-públicos. Tem caleche própria, aliás paga-certinho-a-prestações-certas. O pai de Delfim aut’oficinava viaturas, encaminhou dois de seus quatro, ou cinco, filhos nessa direcção. Hermínio sabe coisas que a Delfim não podem já atrapalhar. Delfim encaminhou-se. Hermínio vagabulando vai. Densas horas também, estas – futuras algumas, como pretéritas lendas.
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